Oito problemas de saúde mental ocorrem com uma frequência invulgar em pessoas autistas, uma nova análise de 96 estudos sugere1.
Certos problemas de saúde mental são conhecidos por acompanhar o autismo, mas as estimativas da sua prevalência em pessoas autistas variam amplamente2.
O novo estudo estabelece a prevalência, reunindo dados dos estudos e realizando uma análise estatística separada para cada conjunto de condições: transtorno de défice de atenção e hiperactividade (TDAH), ansiedade, depressão, esquizofrenia e transtornos psicóticos, transtorno bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo, transtornos de controlo de impulsos e de conduta e condições de sono e vigília. A prevalência destas condições foi constantemente elevada em pessoas autistas.
“Dá-nos uma imagem mais holística do aumento das taxas em termos de grandes e comuns condições de saúde mental”, diz a investigadora principal Stephanie Ameis, professora associada de psiquiatria na Universidade de Toronto, no Canadá. Mostra também que a prevalência de três das condições – depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia – aumenta com a idade.
Ameis e os seus colegas examinaram quase 10.000 estudos publicados entre Janeiro de 1993 e Fevereiro de 2019 que incluíam diagnósticos de condições de saúde mental entre pessoas com autismo. Eles descartaram estudos com menos de 20 pessoas autistas e estudos em que os diagnósticos não tinham sido feitos utilizando critérios tanto no Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais como na Classificação Internacional de Doenças.
Ameis e os seus colegas queriam para a sua análise. Os resultados dos 96 estudos finais apareceram em Agosto em Lancet Psychiatry.
ADHD é o estado de saúde mental mais comum nas pessoas com autismo, ocorrendo em 28%. O próximo mais prevalecente é a ansiedade, que afecta 20 por cento. Contudo, a análise não explica porque é que estas condições ocorrem a taxas elevadas em pessoas autistas.
“Este estudo realça as lacunas no nosso conhecimento actual das condições co-ocorrentes no autismo”, diz Tara Chandrasekhar, professora assistente de psiquiatria e ciências comportamentais no Duke Center for Autism and Brain Development em Durham, Carolina do Norte, que não esteve envolvida no estudo.